quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Capitulo 11



Se Demi não tivesse tão apressada para chegar, eu provavelmente não teria conseguido acompanha-la. Mas ela poderia ficar discutindo comigo, então teve que me aceitar. Porém ela me trata com silêncio total, e isso me faz arrepender um pouco.
_ Senhorita Demetria, pode entrar. – a secretaria a chama, eu levanto junto, Demetria para e me olha, mas releva e não me impede de entrar com ela.
 Entramos na sala da diretora e ela me olha sem entender nada.
_ Ele é o Joseph, ele é irmão do Nicholas e só veio me acompanhar. – Demi explica.
_ Sim, claro, seja bem vindo à Monteith High School. – a diretora me cumprimenta.
_ Obrigada.
_ Bom, Demetria, nós sempre nos encontramos por bons motivos e eu realmente não sei o que dizer, aconteceu alguma coisa para que o Jonathan agisse desse jeito? – ela pergunta. Demi olha para mim com um olhar recriminatório. Eu não consigo sustentar meu olhar, olho para o chão.
_ Eu também não sei. – Demi responde. _ Eu peço perdão, o outro garoto, ele está bem?
_ Ele teve o braço esquerdo deslocado, mas vai ficar bem. – responde a diretora.
_ Meu Deus. – Demetria leva as mãos à cabeça, sem reação.
_ Demetria, eu conversei um pouco com o Jonathan, ele não quis se abrir muito, pode ser uma fase, algo da adolescência, isso acontece, mas outra pessoa foi machucada nesta história, seja lá o que esteja acontecendo, precisa parar. – a diretora diz.
_ Eu sei. – a voz de Demi sai fraca. _ Eu vou resolver o mais rápido difícil.
_ Eu terei que dar uma suspensão para ele de uma semana.
_ Mas é a semana de prova. – Demi arregala os olhos.
_ Eu sei, mas eu preciso fazer algo.
_ Não pode ser nada mais? Ou pelo menos que a suspensão seja em outra semana? – Demi pede.
_ Demetria, me desculpe, se tivesse sido um empurrão, um xingando o outro... Mas ele teve que ir para o pronto-socorro. Como que eu vou explicar para os pais do garoto que eu não fiz nada?
_ Mas eu não estou pedindo para que não o puna, só que não o prejudique nas provas, ele vai tomar recuperação final, provavelmente em várias matérias, isso pode significar reprovação direto.
_ Isso significa que no próximo semestre ele deverá se esforçar muito mais.
_ Meu Deus. – Demi volta a se desesperar, eu fico sem saber o que fazer, observando a tudo sem reação.
_ Ele estará lhe esperando na enfermaria. – a diretora diz e entendemos que devemos sair.

Saímos da diretoria e percebo que Demi começa a ficar furiosa.
_ Me desculpe, Demi, eu não quer....
_ Cale a boca Joseph. – ela diz e eu me calo.
Encontramos Jonathan de braços cruzados do lado de fora da enfermaria. Demi para frente a ele, os dois se encaram bravos.
Ele tem um curativo na testa.
_ Você vai perder a semana de prova, provavelmente o ano, valeu a pena?
_ Sei lá, valeu? – Jonathan a encara.
_ Jonathan, porque você está agindo deste jeito? – Demi pergunta, mas depois olha para mim. _ Jonathan – ela volta para o filho. _ eu sei que a gente precisa conversar sobre isso, tudo bem? Mas eu preciso que você entenda a gravidade do que você fez, um garoto foi parar no pronto-socorro porque você brigou com ele.
_ Porque ele era um molenga e chato.
_ O que ele fez com você? Você não é assim. Você é um garoto bom.
_ E você é uma mãe que nem mesmo sabe me dizer de qual dos irmãos eu sou filho! – Jonathan grita e sai, deixando-me sozinha com Demi.
Demi fica paralisada e eu boquiaberto.
_ Demi eu...
_ Não Joseph – ela me interrompe e se vira para mim. _ Eu não te amo mais.
Agora quem sai é ela e quem fica paralisado é eu.

Sinto-me pior quando não encontro o carro de Demi, ela me deixou para trás, ela sabe que eu não conheço a cidade e que não sei como voltar para sua casa.
Volto para dentro da escola, e vou até a secretaria, talvez eles me deixem usar o telefone, não sei se tenho algum telefone decorado, mas talvez eles me deem o telefone de Demi ou de Nick.
Assim que chego a secretaria me chama pelo nome e me entrega um papel.
_ Demetria pediu para que você vá a este endereço. – diz. Agradeço.
Uso o telefone para olhar no mapa, ver se o endereço fica longe, e vejo que está perto, apenas uma esquina de distancia. Fico aliado, pois eu não tinha trazido nenhum dinheiro, não havia como pegar um taxi ou um ônibus, caso fosse longe.

Assim que chego, vejo que fui mandado a um hospital, era algum tipo de brincadeira? Piada de Demetria?
_ Vocês não conseguiram ficar um dia como juntos como uma família. Sério? – Nicholas aparece do lado de fora, ele usa jaleco e isso me parece tão estranho, ainda é complicado aceitar que meu irmão irresponsável e aventureiro se tornou médico.
_ Não sei se quero falar com você agora.
_ Claro, porque um garoto de 14 anos falou que me viu dormindo no quarto da sua quase esposa. Joseph, cale a boca, vamos entrar. – Nicholas diz.
_ Então ele não estava falando sério?
_ Joseph, cale a boca. – ele ri. _ Vamos. – ele entra e eu o sigo.

O hospital é grande, porém menor do que eu estava.
Vamos até a cafeteria que fica no segundo andar, está bem vazio.
_ Você quer algo? – Nicholas pergunta.
_ Que você me responda.
_ Dia ruim?
_ Nicholas... – começo a reclamar, mas ele me interrompe.
_ Joseph, você pode ter ficado em coma por 14 anos, mas isso não te dá aval para se tornar burro. – fico surpreso da forma em que ele põe a situação.
_ Ele disse...
_ Joe, quando ele nasceu eu criei ele, quando eu cheguei nessa cidade aquela casa tinha dois cômodos, o banheiro, e o quarto que também era sala e cozinha, com o tempo fomos ampliando e reformando a casa, mas até a uns oito anos atrás havia apenas dois quartos, um pro Jonathan e um que eu dividia com Demi, depois eu construí aquele escritório me que você está dormindo e comecei a dormir lá, depois eu construir mais um quarto, era maior, num ponto melhor, então me mudei de quarto de novo.
_ Então...
_ Então nada, Joseph, depois que eu construí meu quarto teve algumas vezes sim que eu dormi no mesmo quarto que a Demi, mas não foi porque eu estava tendo nada com ela, mas sim porque ela estava triste por alguma razão e precisava de alguém, um amigo.
_ Eu... Eu não sei o que dizer.
_ Que tal, desculpa?
_ Me desculpe.
_ Não para mim. – ele diz.
_ Ela me odeia.
_ Ela não te odeia.
_ Ela disse que não me ama mais.
_ Ela te ama.
_ Não, você não entende, ela disse.
_ Joe, você reparou que ela usa um corrente? O tempo todo? – ele pergunta e eu paro para tentar puxar na memoria.
_ Sim?
_ Então da próxima vez repare. – ele diz.
_ E o que isso tem haver?
_ Geralmente a parte final da corrente fica escondida na blusa, por isso você não deve ter percebido nada, mas naquela corrente ela carrega a aliança de vocês, as duas alianças.
_ As nossas alianças? – pergunto sem crer no que Nicholas diz.
_ Sim, ela nunca se separou das alianças e se você entrar no quarto dela, a foto na escrivaninha? Sua foto. Eu já namorei, já quase noivei, eu já me separei, fui corno. – rimos. _ Hoje estou... Ficando novamente, mas ela nunca quis mais ninguém, ela nunca olhou para mais ninguém, ela sempre esperou por você. Ela pode estar brava, e por isso ela disse o que disse, mas ela te ama Joseph, ela sempre te amou.


Continua

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