sábado, 30 de janeiro de 2016

24. No paraíso – Não Existem Poesias



Demi não o dá espaço para entrar, Joe poderia não estar ali, mas ela ainda não confiava nele o suficiente para deixa-lo entrar. Gabriel percebe sua tensão, mas não reclama.
_ Preparada? – pergunta. Demi pensa em todas as possibilidades, ele disse que era uma boa noticia, e, Demi espera que ele esteja falando sobre o livro, então possibilidade número um: o editor chefe gostou do livro, possibilidade número dois: ele conseguiu convencer mais alguém do grupo dele que meu livro deveria ser lançado, dando-a assim, uma segunda chance...
_ Sim? – respondeu, não dando muita segurança.
_ Seu livro Demi... Seu livro será lançado.
Demi não sabia como reagir. Abraçar Gabriel, desta vez, estava fora de cogitação, mas alegria que estava dentro dela, ah, esta deveria ser extravasada. Gritar? Pular? Tudo junto?
Tudo junto!

Gabriel gostaria de comorar junto com ela, mas sabia que tinha perdido este direto na noite anterior, então, teve que se contentar em despedir-se, e deixar Demi, sozinha, eufórica.
Camila e Joe estavam trabalhando, pelo menos até onde Demi estava ciente, então ela não poderia comemorar com ele, pelo menos não por agora, sendo assim, Demi correu até seu telefone e ligou para a casa de seus pais.
O telefonema demorou um pouco para ser atendido, numa hora dessas o pai, geralmente, ainda estava trabalhando, mas ela tinha uma pontada de esperança que sua mãe a atendesse, já que da última vez em que elas se falaram, ela foi mais receptiva com a filha.
_ Olá, Demetria. – fala a mãe de Demi, claramente não muito feliz em atender aquela chamada. _ O seu pai não está. – a relembra.
_ Eu sei mãe. – diz Demi, tentando não deixar se abalar pela frieza da mãe. _ Eu gostaria de falar com você também. – a mãe não diz nada. _ Mãe? – a chama, querendo saber se ela ainda esta a escutando.
_ Sim.
_ Mãe, eu... O meu livro. Ele vai ser lançado! – Demi vai reanimando ao dar a notícia para sua mãe.
_ Isso... Isso... Isso é realmente... Ótimo. – a mãe não parece saber como reagir, e isso, para Demi, é um bom sinal, pois significa que a mãe se importa.
_ Eu queria que você e papai fossem os primeiro a receber essa notícia. – na realidade, foi por falta de opção, mas Demi não precisava dizer algo assim, era até melhor os pais serem os primeiros a descobrirem, afinal de contas, eles foram os primeiros a apoia-la, bom, pelo menos o pai de Demi a apoiou desde o começo.
_ Fico muito feliz por isso Demi, muito mesmo. – diz, mas não desenvolve o assunto. Demi se pergunta como será sua relação com sua mãe daqui pra frente. As duas eram tão unidas, mas agora, mal conseguem se falar por muito tempo. _ Isso significa que você vai voltar? – pergunta depois de alguns minutos de silêncio.
_ Depois que o livro lançar, sim. – responde Demi.
_ E isso leva muito tempo?
_ Ainda não sei. – responde. _ Mas o importante é que vai lançar e que eu vou voltar. Não é? – pergunta.
_ Sim. – o silêncio volta.
_ Mãe?
_ Sim.
_ Você ainda está magoada comigo? – pergunta já com medo da resposta.
_ Não. – responde, mas não parece sincera. _ Eu me preocupo com você Demi, só isso.
_ Não há porque se preocupar, mãe, eu estou bem. – a consola.
_ Eu sei. Mas... Prefiro você perto. Só isso. – assume.
_ Eu sinto sua falta mãe. – diz Demi, quase chorando.
_ Você ainda tem comida? – pergunta ignorando o momento fofo com a filha, mas Demi ri, afinal de contas, era só preocupação.
_ Alguns restos, mas eu me arranjo, não precisa se preocupar.
_ Eu sei. – repete. _ Mas não significa que eu não vá me preocupar. – a reprime. _ Você quer que eu diga para seu pai, ou vai querer ligar para falar você mesma? – pergunta.
_ Eu quero ligar. – responde, o pai ficaria tão eufórico, ela queria ver, quer dizer, escutar, esta reação em primeira mão.
_ Tudo bem então. – diz a mãe. _ Eu tenho algumas coisas para fazer, Demi. – começa. _ Então é melhor desligarmos. – diz.
_ Tudo bem. – diz Demi, ela queria falar mais com a mãe, mas este telefonema já havia sido um avanço e tanto, ela estava feliz assim. _ Tchau mãe. Eu te amo.
_ Tchau Demetria... É... Eu te amo filha. – desliga.
Demi estava feliz, mas isso não a impede de chorar feito um bebê após o telefonema com a mãe.
Ela sentia tanta falta de casa... Ela sentia falta de como as coisas eram antes, mas ao mesmo tempo, Demi estava tão feliz com o que tinha conquistado. Seu livro iria ser lançado, ela estava namorando... Tudo estava se encaminhando para um desfeche perfeito, mas...
Se ela voltar para casa, isso significa dar adeus a Joe.
Demi se sentia no paraíso, porém seu paraíso estava ameaçando se ruir.

No local e hora marcada, Demi se encontra com Joe. Ambos se beijam na porta da escola, assim que se encontram, sem nenhum pudor. Joe nunca faria isso há um tempo, bom, há um tempo Joe nem mesmo beijado tinha...
_ Você está linda. – diz Joe.
_ Nem estou arrumada. – reclama Demi. _ Esse frio... – Demi queria ter vindo mais elegante, mas como não tem muitas roupas para tempo frio, teve que se virar com um jeans claro, uma bota que ela nem mesmo sabia o porquê tinha trago, já que apertava seu pé, mas que, só por hoje, agradeceu por ele estar ali, e uma blusa de lã com alça caída.
_ Você está linda. – reafirma, agora com veemência. Demi sorri. _ Vamos? – pergunta.
_ Vamos. – responde sorridente.
O restaurante que Joe a leva e perto de onde ele trabalha, porém não na rua principal, mas em sua interjeição, que é uma rua bem mais tranquila.
O restaurante tem uma fachada simples, Demi só percebe que é ali, quando Joe para na frente, pois senão ela passaria sem notar nada. Dentro é um lugar espaçoso e iluminado, uma boa parte das mesas está ocupada, a maioria por casais mais velhos, com uma ou duas famílias por ali. O lugar tem cheiro de massa, e isso faz o estomago de Demi roncar.
O garçom os guia para uma mesa no canto do salão, os entrega o cardápio e os deixa sozinhos.
_ Esta com fome? – pergunta Joe.
_ Seria muito mal educado dizer que sim em nosso primeiro encontro? – pergunta.
_ Não é exatamente nosso primeiro encontro. – responde.
_ Bom, é o primeiro oficial. – contrapõe. Joe ri.
_ Bom, eu não ligo muito se você disser que sim, no fundo até prefiro, pois apesar de ser a opção mais barata, não quero pedir salada só para fazer pose. – Demi gargalha.
_ Então estou. – responde.
_ Então pizza? – sugere.
_ Pizza. – concorda.

Após fazer o pedido, Demi e Joe começam a conversar.
_ E como foi seu dia? – ela pergunta.
_ Foi bom, na verdade, foi bem normal. – sorri tímido. _ Provas e mais provas, mas foi bom, pois eu pude começar a ser seu livro.
_ E você já tem alguma opinião formada? – pergunta.
_ Quando eu digo começar, eu digo bem no começo mesmo. – cora. Demi ri.
_ Tudo bem, sem pressa.
_ Mas e você? Como foi seu dia? – Demi hesita; antes ela estava tão eufórica para contar, mas agora não parecia uma notícia tão boa assim.
_ Foi bom. – começa.
_ Só?
_ Joe, eu tenho que te contar uma coisa. – diz seria. Joe se assusta um pouco, mas tenta não demonstrar. _ Meu livro vai ser lançado. – Joe parece paralisado no começo e Demi se pergunta se foi uma boa ideia falar isso ali, enquanto ambos estavam tão bem.
_ Demi. – ele sorri. _ Isso é ótimo! – ele se empolga. _ Isso é muito bom. – Demi sorri ao vê-lo feliz por ela, mas será que ele não percebeu o que isso implica? _ Demi, eu deveria ter levado você a um lugar melhor, para comemorarmos, podemos cancelar o pedido, eu já ouvi falar de um restaurante aqui perto que dizem que é o melhor da região... – Joe fala sem nem mesmo dar espaço para respirar.
_ Joe. – Demi o interrompe. _ Não precisa, aqui está ótimo. – sorri. _ É pizza, não há melhor maneira de comemorar. – diz e Joe relaxa.
_ Demi, isso é tão bom. – ele sorri todo bobo, assim como Demi no inicio.
_ Você realmente está assim, feliz por mim? – pergunta, só para garantir.
_ Claro, e porque não estaria? – pergunta Joe.
Ele não fazia ideia, Demi pode perceber, ele não percebe que quando o livro for lançado, ela irá embora, que eles provavelmente teriam que terminar. Demi poderia até ficar, por ele; aqui é um bom lugar, mas ficar envolvia perder seus pais, e ir envolvia perder Joe.
_ Nada. – ela sorri. Joe estava feliz, não tinha percebido nada, então porque estragar isso agora? Demi seria feliz, viveria, pelo menos por enquanto, em seu paraíso, mesmo que ele fosse uma  doce ilusão.

Continua


Capítulo postado, espero que tenham gostado.

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